Resposta dos Cineclubes Goianos aos Resultados da Lei Paulo Gustavo do Estado de Goiás
Os Cineclubes Goianos se reúnem para rejeitar de forma veemente os resultados dos Editais da Lei Paulo Gustavo que eliminou 70 % dos projetos apresentados nos 20 editais, mais que foram zerados por um preciosismo de exigir os 10% de Divulgação e de Acessibilidade que o edital contempla. Essas exigências já tinham eliminado mais de 50 % dos projetos no Fundo de Arte e Cultura este ano, mesmo que os projetos contemplaram os custos de Direitos autorais, diagramação e confecção de Flyer digitais e responsáveis por Redes sociais (considerados como suporte de divulgação do próprio edital), estando na planilha de orçamentos com porcentagem muitas vezes superior a 10%, porém com a ausência da palavra mágica “Divulgação” foram eliminados automaticamente. No caso de não fazer uso dos 10 % do recurso para acessibilidade, os cineclubes participam em parceria com instituições públicas federais, estaduais e municipais que cumprem com todas as exigências de acessibilidade que foi reiterada e implícita nos projetos. Pela importância que os cineclubes goianos têm no audiovisual e na cultura goiana e brasileira, os Cineclubes Goianos exigem respeito e o reconhecimento que merecemos.
Os Cineclubes Goianos têm uma presença importante na história do Cineclubismo Nacional desde o papel fundamental reconhecido ao Cineclube Antônio das Mortes, porém no período da Pandemia da COVID 19, onde o isolamento social fez com que as pessoas tivessem que ficar em casa e os cineclubes nacionais entraram em um colapso e ostracismo porque Cineclubismo é uma atividade presencial, social e cultural. Podemos dizer que as atividades Cineclubistas salvaram muitas vidas nesse período, levando cultura, arte e debate para a população do Estado de Goiás. Os Cineclubes Goianos em parceria com o Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás, na figura da museóloga Rossana Klippel, nos abriu as portas para que o Cineclubismo Goiano tomasse a frente com as lives semanais que muitas vezes chegavam a 4 por semana. O Estado de Goiás e o Cineclubismo do nosso Estado tiveram um papel importantíssimo em um período de obscurantismo social de entregar cultura à população, através dos debates e atividade culturais realizados pelo Canal do Youtube do Museu Antropológico. Realizamos oficinas de formação cineclubista onde participaram pessoas de todas as regiões do país e também de outros países. Pudemos realizar Encontros Virtuais de Cineclubistas latino-americanos com diversos países do continente e Encontros Estaduais, onde em um deles, realizamos a eleição para uma nova diretoria da União de Cineclubes de Goiás em 2020. Também realizamos “Encontros de Cinema e Educação” com convidados internacionais do Chile, Equador e México, realizamos atividades poéticas internacionais, pois afinal, ninguém vive sem poesia, música e cinema. Nossa atividade cineclubista é reconhecida nos diversos estados brasileiros, sem apoio econômico do município, nem do estado e nem da federação. Por isso, Exigimos respeito e o reconhecimento que merecemos.
Sobre a Lei Paulo Gustavo, são recursos provenientes da produção audiovisual que não foram utilizados pelo governo federal anterior e que graças ao poder legislativo esses recursos foram transformados para chegar na ponta do audiovisual e não para que o Estado utilize esses recursos para equipar suas salas culturais, que devem ser financiadas com recursos do próprio Estado. A Lei Paulo Gustavo é uma Lei Emergência para os agentes culturais desenvolverem as atividades culturais presente na Constituição Brasileira como um dos direitos fundamentais para a população do nosso país. Por isso, Exigimos respeito e o reconhecimento que merecemos.
Os Cineclubes Goianos exigem do Estado e da SECULT Goiás que as avaliações sejam refeitas ou pelo menos que os projetos sejam avaliados considerando o mérito dos Cineclubes e o papel que eles tiveram no período da Pandemia da COVID 19 e pela importância que tem para a produção audiovisual goiana, pois depois do circuito dos festivais, os cineclubes são a única janela de exibição de uma produção que fica engavetada por parte dos realizadores por falta de espaços de exibição, nem mesmo as salas de cinema do Estado abrem espaços para que possam ser exibidos. Dois exemplos importantes são os filmes “O Cinema que não se vê” do diretor Eric Eli e “A Piscina de Caíque” do diretor Raphael da Silva que já foram exibidos com autorização dos realizadores em diversas cidades do Estado graças às atividades realizadas pelos cineclubes goianos. Por isso, exigimos respeito e o reconhecimento que merecemos.
Para finalizar, mesmo que Goiânia seja a cidade onde se concentram 50 % dos cineclubes goianos, foram eliminados projetos das cidades de Anápolis, Caldas Novas, Formosa, Goiás, Olhos d’Água, distrito de Alexânia e Goiânia. Sendo assim, não foram somente os Cineclubes os prejudicados por um tecnicismo da SECULT GOIÁS, que não pressa pelas exigências do próprio edital, pois um dos 3 cineclubes aprovados não cumpre com a exigência mínima que é ter comprovação de 2 anos de funcionamento. Como podem aprovar um projeto que não participa das atividades cineclubistas e não conta com histórico de Cineclube goiano e ao ser questionado, a SECULT se escuda em que os parecerista não eram funcionários do Estado e que não tem responsabilidade no resultado. Como podem justificar uma barbaridade dessas. Repetimos que quem perde não é o Cineclubismo goiano, senão a população do Estado que não terá acesso as imagens realizadas em nosso território. Por isso, exigimos respeito e o reconhecimento que merecemos.
VIVA O AUDIOVISUAL, VIVA O CINEMA E VIVA O CINECLUBISMO DO NOSSO ESTADO DE GOIÁS.
POR ISSO, EXIGIMOS RESPEITO E O RECONHECIMENTO QUE MERECEMOS.
Por Francisco Lillo
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